Ninguém foi ao velório de Ritta Bernardino. Fato ou boato? Conheça a história do empresário e do Ariaú Towers

A foto acima, com um caixão cercado de flores e algumas coroas, mas sem vivalma por perto, circula nas mídias sociais. Seria o velório do empresário e advogado Ritta Bernardino. Em vida foi o poderoso dono do Ariaú Tower, hotel de selva que tornou famoso internacionalmente. Na morte teria sido abandonado por amigos e até familiares. Fato ou boato? Boato.

O presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-AM), Marco Aurélio Choy, compareceu ao velório e até discursou. “Oferecemos a sede da Ordem para o velório. Ele foi advogado e conselheiro. Mas a família já havia pago tudo para a funerária Canaã. Como advogado destacado, o Ritta tinha direito e nós concedemos isso”, disse.

“Discursei, às 17h de sábado (13/05), no velório”, acrescenta Choy. “Estavam presentes Rosa, atual companheira, e os filhos Ellen e Ritinha. Havia outro filho, de 21 anos, que cursa Medicina. Havia guerreiros de selva, que deram gritos de homenagens. Havia muitos funcionários. Não dá para dizer que ele não teve as últimas homenagens”, disse. O enterro ocorreu ontem, domingo (13/05), às 13h.

Quanto ao velório, uma fonte da funerária afirma que havia muita gente, na hora da saída do féretro. “A foto deve ter sido tirada no momento da chegada do corpo. É quando tudo ainda está sendo preparado e ninguém sequer tem acesso ao local. Pode ser também que o velório tenha ficado vazio por instantes. Mas houve gente sim na hora da despedida final do ‘seo’ Ritta”, disse a fonte.

 

Sucesso e atribulações

Ritta Bernardino alternou o sucesso financeiro com uma vida atribulada. Adquiriu grande parte do patrimônio executando dívidas de clientes. O próprio Ariaú Tower não suportaria um décimo das atuais exigências ambientais.

No fim da vida, lutando com o Alzheimer, o empresário viu filhos, atual e ex-companheiras se digladiando. Houve um momento em que a diretoria da OAB-AM teve que ir à casa dele, após denúncia de maus tratos. Investigava a suspeita de que a companheira, Rosa, o estava dopando para não dialogar com os filhos sobre bens. Embora a denúncia não tenha sido constatada, a disputa acabou sendo judicializada.

 

Briga na Justiça

O juiz Luiz Cláudio do Carmo Chaves, responsável pelo processo, decretou a interdição de Ritta Bernardino.

Uma fonte, com acesso aos autos, disse que alegavam cárcere privado. “O juiz fez três inspeções na casa dele. No final, as perícias, com neurologista, concluíram que ele estava no perfeito juízo. Depois da perícia, ele sofreu um AVC e o juiz teve que interditá-lo, como determina o Código Processual. Foi deixado aos cuidados da companheira, que vivia com ele há mais de 30 anos”, conta a fonte.

Os herdeiros recorreram da decisão e o caso foi parar no Tribunal de Justiça do Amazonas. O recurso ainda não foi julgado.

Rosa também não passou incólume. Há uma ação dela, na OAB-AM, contra um dos advogados. Ela o acusou de ter recebido proventos sem prestar os serviços. Isso teria levado grande parte do patrimônio do empresário. O advogado, porém, apresentou todos os recibos da prestação de contas do trabalho. Estava tudo em dia, com assinaturas dela, e ele não sofreu qualquer punição.

 

Leilão

O Ariaú Tower chegou a ser colocado em leilão, mas o pregão ficou vazio. O complexo empresarial, sem manutenção, está sendo depredado por vandalismo e pelo tempo.

No auge, o hotel recebeu gente como Bill Gates, o dono da Microsoft. Artistas como Arnold Schwarzenegger também fizeram questão de se hospedar no local. O piloto Jacques Villeneuve, quando se tornou campeão da Fórmula 1, em 1997, comemorou no empreendimento de Ritta.

O declínio se deu simultaneamente aos problemas de saúde do empresário. O enorme patrimônio, formado por terras e imóveis, no Brasil, EUA e Portugal, entrou num furacão de disputas. Foi um fim de vida atribulado.